"Transmodernidade" remete à transição. Um espaço indefinido e, por vezes, paradoxal entre uma pré-modernidade (que almejou a evolução humana por meio da razão) e uma ainda indefinida e amorfa "pós-modernidade" (que se pretende um resgate do que a modernidade não alcançou e/ou colocou a perder).
O sujeito "transmoderno" é, pois, um sujeito em conflito. É um moderno insatisfeito. Sabe que quer mudanças, mas não sabe que mudanças deve propor, uma vez que seu único referencial é a modernidade. Filosofa, portanto, sobre a superação do moderno por meio da lógica moderna.
Encontrei em Morin* uma possível definição para o sujeito "transmoderno". Morin afirma que a razão moderna é uma ferramenta humana que não pode ser dispensada. E, até mesmo para ser contestada, a razão não prescinde da razão.
A razão "corresponde a uma vontade de ter uma visão coerente dos fenômenos, das coisas, e do universo. A razão tem um aspecto incontestávelmente lógico".
Mas a razão é ferramenta. E pode ser utilizada de duas formas, determinando o sujeito: sujeito racional e racionalizador. (Morin não fala de sujeitos, mas diferencia a racionalização da racionalidade).
Creio que "transmoderno" é o sujeito racional, que, segundo Morin, empreende um "diálogo incessante entre (sua) mente, que cria estruturas lógicas, que as aplica ao mundo e que dialoga com esse mundo real. Quando este mundo não está de acordo com (seu) sistema lógico, é preciso admitir que (seu) sistema lógico é insuficiente, que só encontra parte do real". O sujeito transmoderno admite, pois, a relativização, a complexidade.
Em contraposição, temos o sujeito "moderno", racionalizador, que "prende a realidade num sistema coerente", sistematiza e isola essa realidade de seu contexto, tornando-a árida. Não enxerga, pois, a tensão, a complexidade da realidade, empobrece-a para conhecê-la "melhor".
* MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo". Porto Alegre: Sulina, 2005. 120p. Trad. Eliane Lisboa.
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