Tecnologias sempre fizeram parte da vida humana, a criação e o uso de ferramentas sempre foi importante para o nosso bem-viver, desde o chamado homem pré-histórico.
Porém, a mim ao menos, assusta o uso frenético de tecnologias, quaisquer que sejam. Encontro pessoas que me parecem capazes de tudo, menos de se desconectar, de deixar de lado, por um tempo mínimo que seja, seus dispositivos móveis. Trata-se de uma obsessão que Larry Rosen chamou de iDistúrbio (em uma tradução livre) no interessante livro que traz o título "iDisorder: Understanding Our Obsession with Technology and Overcoming Its Hold on Us".
Ontem, no jantar comemorativo do aniversário da minha mulher, no Villa Roberti, era interessante (ou seria estressante?) ver casais em uma mesa para um jantar com as mãos nos smartphones. Não se tocavam, não por pudico; tocavam telas, por puro vício, creio.
Em um lugar que atrai olhares, seja pelo ambiente em si, seja pela beleza dos pratos, eu percebia pessoas conectadas em gente que estava distante e desconectadas de quem estava tão perto. Digitavam em um frenesi, mal falavam com quem estava ao lado. Ou será que enviavam textos para quem estava ali ao seu lado, tão tangível, para falar do lugar, da comida ou declarar seu amor? Se expressavam através das máquinas, abandonando os "olhos nos olhos"?
O que será que descreviam de forma tão frenética em mensagens no Whatsapp, no Facebook ou onde quer que seja? Será que comentavam as delícias de uma cozinha italiana, clássica e moderna, que eram oferecidas em suas mesas? Falavam da qualidade da carta de vinho ou reclamavam, para outros, dos preços? Comentavam a beleza do lugar?
Em um lugar que atrai olhares, seja pelo ambiente em si, seja pela beleza dos pratos, eu percebia pessoas conectadas em gente que estava distante e desconectadas de quem estava tão perto. Digitavam em um frenesi, mal falavam com quem estava ao lado. Ou será que enviavam textos para quem estava ali ao seu lado, tão tangível, para falar do lugar, da comida ou declarar seu amor? Se expressavam através das máquinas, abandonando os "olhos nos olhos"?
O que será que descreviam de forma tão frenética em mensagens no Whatsapp, no Facebook ou onde quer que seja? Será que comentavam as delícias de uma cozinha italiana, clássica e moderna, que eram oferecidas em suas mesas? Falavam da qualidade da carta de vinho ou reclamavam, para outros, dos preços? Comentavam a beleza do lugar?
E, é claro, havia quem fotografasse os pratos, possivelmente compartilhando com o mundo - pelo Instagram talvez - a beleza do que era servido.
Eu, sem smartphone ou tablet, não pude comentar isso ontem mesmo, lá do restaurante ou, melhor ainda, tão logo dali saísse. Até porque fui ali para comemorar uma data importante, comer um suculento gnocchi di patate al fileto e brie, tomar um bom vinho francês e falar da vida com a minha mulher, meu filho e sua namorada. Naquele momento de festa em família, eu não precisava da tecnologia móvel; deixei-a em casa. Mas naquele exato momento me lembrei de uma tirinha do Adão Iturrusgarai.
Hoje, em casa, na frente de um notebook, escrevo o post no qual insiro a tirinha.
De forma semelhante a praticamente qualquer pessoa hoje, levo uma vida que implica em imersão, sem desorientação, na tecnologia digital. Vou a esse mundo virtual e dele volto. Exatamente por isso daqui a pouco me desligo da tecnologia. Lerei o jornal de hoje, o livro policial que me espreita da estante; terei o almoço, onde apenas velhas tecnologias (fogão, garfo, faca ....) estarão envolvidas. Celular? Só amanhã pela manhã, quando retomar o trabalho.