31.1.10

Magistério. Carreira para poucos, muito poucos

Como diz Gilberto Dimenstein, em sua coluna hoje na Folha de São Paulo, não é de se admirar que muitas vagas nos cursos  de Pedagogia e das licenciaturas não sejam preenchidas. O cenário da educação brasileira, notadamente a pública, não anima jovens a seguirem a carreira de professor.  Ainda assim, o MEC insiste em licenciaturas a distância, oferecendo milhares de vagas - como se falta de vaga fosse a razão da falta de professores em salas de aula - ainda que especialistas reprovem essa formação.
Com uma ou outra exceção - claro, sempre há exceções - a profissão docente acabará sendo o caminho quando nenhum outro mais restar.
E daí vem novo problema, uma ameaça à qualidade educacional que se busca, ao menos no discurso: os futuros professores acabam sendo recrutados dentre alunos com piores notas na Educação Básica, em sua maioria absoluta egressos da escola pública, a da progressão/promoção automática.
Portanto não cabe surpresa alguma quando quase metade dos professores é reprovada [por não alcançar apenas 50%, não os 60% de rendimento usuais na escola] em uma prova que versou sobre os conteúdos que deverão [sim, alguns estarão em salas de aula, ameaça a Secretaria de Educação de São Paulo] ensinar.
Uma pesquisa idealizada pela Fundação Victor Civita e realizada pela Fundação Carlos Chagas junto a concluintes do Ensino Médio mostra como a carreira do magistério em nada atrai os futuros alunos do ensino superior; apenas 2% deles querem ser professores. Quando se oolha para os alunos das escolas particulares, a "nata", esse índice chega a praticamente zero.
É interessante ver, na pesquisa, que um terço dos alunos pensou em ser professor. Mas logo, logo desistiram, antes mesmo do vestibular. Os motivos? Falta da valorização profissional, salários baixos e rotina desgastante. Assim, decidem ser advogados, médicos e engenheiros. É o Brasil Colônia que se mantém. Distante do tempo em que seremos de fato uma nação para se orgulhar. Isso acontecerá no dia em que novamente perguntarem a  jovens o que querem ser quando crescerem e uma boa parte deles, quem sabe a maioria, disser orgulhosamente: Professor.
A versão preliminar da pesquisa "Atratividade da carreira docente no Brasil" está disponível on-line. Basta clicar aqui para ter o documento em arquivo PDF.
A imagem é do blog" Crescer dá trabalho".

Um comentário:

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Olá.

Sou professor em Fortaleza
e escrevo para professores textos que falam das coisas boas da nossa profissão.

Vim visitar seu espaço de idéias.
A reflexão do texto é correta.
Baixos salários, indisciplina e carga horária exaustiva,
afastam mentes talentosas da educação.
Não apenas na escola pública
mas também a escola particular,
contribui em muito com este desencanto.

Mas é preciso ter fé no futuro.
Não a fé distante da realidade,
mas a fé que inspira a luta.


Um final de semana cheio de inspiração.