O grande desafio da educação atual é
oferecer uma formação de qualidade, de modo que os alunos passem por ela e
ganhem melhores e mais efetivas condições de exercício da liberdade política e
intelectual. Ora, essa formação deve estar alinhada com os novos tempos e as
novas formas de aprender.
As TDIC não devem ser vistas apenas
como um dos mais importantes meios de transmissão de informações, mas como meio
alternativo na construção do conhecimento, pois somente quando compreendidas dessa
forma poderão ser utilizadas para diferentes situações de aprendizagem.
Como alerta Marinho, é urgente a necessidade de sincronizar o uso das TDIC ao
cotidiano da sala de aula, o que vai significar um desafio para a escola, o de
repensar seu currículo, de forma a integrar o computador e as tecnologias
associadas, como a internet, nos processos de aprendizagem.
Apple (1994) considera que o currículo
é algo constantemente reconstruído segundo as representações culturais,
políticas e ideológicas de um grupo social dominante que legitima o
conhecimento.
O conceito de currículo como sendo uma
construção social (GOODSON, 2001) caracteriza-se pela integração entre escola,
vida, conhecimento e cultura, produzindo trajetórias diferenciadas.
Dessa forma, o currículo não se restringe
a mera aplicação dos conteúdos das disciplinas, pré-estabelecidas em
documentos, na sala de aula.
É no
descompasso entre o mundo dentro e fora da escola, que se configura o desafio
dessa instituição de promover uma educação de qualidade mesmo diante dos
problemas gerados pela sociedade contemporânea globalizada e das limitações
delineadas no próprio contexto educacional, caracterizado por várias questões e
impasses que envolvem as políticas públicas, os sujeitos e espaços escolares.
Nesse
sentido é importante ter uma visão crítica sobre as relações entre as TDIC e o
currículo e compreender essa integração de forma contextualizada a fim de
evitar a informatização do ensino sem dar sentido ao uso da tecnologia como
construtora do conhecimento.
A integração das TDIC ao currículo deve
se estabelecer a partir da transformação da escola e da sala de aula em espaços
de experiências, de ensino e de aprendizagem, com a participação ativa do
aluno, e num espaço de formação de cidadãos e de vivência democrática, ampliado
pela presença das tecnologias.
As novas tecnologias mudam
profundamente o problema da educação e da formação, pois o que pode ser
aprendido não pode ser mais planejado e nem precisamente definido com
antecedência. Os percursos de aprendizagem e o desenvolvimento das competências
são singulares não cabendo mais o mesmo modelo de programa para todos. É
preciso construir novos espaços de conhecimentos emergentes abertos, não
lineares reorganizando-os de acordo com os objetivos e contextos próprios de
cada indivíduo. (LÉVY, 1999)
Referências:
APPLE, M. W. Repensando ideologia e currículo. In:
MORREIRA, A. F.; SILVA, T.T. (orgs.). Currículo,
cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994, p. 39-58.
GOODSON, Ivor. O Currículo em Mudança: estudos na construção social do
currículo. Portugal: Porto Editora, 2001.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
3 comentários:
Olá Margarida!
Currículo e Tecnologia um grande desafio a ser "sincronizado" (MARINHO, 2006)num momento em que a grande preocupação de alguns professores é apenas em elaborar, selecionar, distribuir, transmitir e avaliar o conteúdo. O planejamento curricular, que percebo nas escolas, está baseado apenas na formulação de um plano eficaz com critérios, objetivos, metas, conteúdos a serem cumpridos para ao final ocorrer a avaliação.
Margarida, acredita-se que a educação enfrenta dificuldades para a efetiva e significativa utilização da TDIC's no cotidiano das escolas brasileiras.
Um dos primeiros desafios encontrado refere-se à tímida inserção dessas tecnologias nos currículos dos cursos de licenciaturas das universidades brasileiras.
É necessário uma mudança nas matrizes curriculares desses cursos, não apenas inserindo disciplinas, mas que essas prepararem os educadores efetivamente para o uso das TDIC's na prática educativa. Só assim, esses profissionais estariam qualificados e preparados para mediar o conhecimento, de maneira significativa, nas salas de aula.
Outra ação fundamental para solucionar o problema apontado é o estudo de uma proposta pedagógica que contemple um diálogo entre os conteúdos das disciplinas curriculares, as TDIC´s e o contexto social e cultural de cada escola.
Talvez isso, poderia permitir ao professor perceber a escola enquanto espaço de construção da cidadania, trazendo a cultura e a realidade dos alunos como ponto de partida do processo ensino/aprendizagem, atuando como motivadores e incentivadores, desenvolvendo nos alunos a capacidade de selecionar, dar sentido, utilizar, aplicar e interagir com o grande número de informações disponíveis na internet e nas redes sociais.
Concordo com vocês Alethéia e Carla.
Há um longo caminho a ser percorrido para que essa integração das TDIC ao currículo aconteça na prática.
Com certeza muitos são os desafios: vencer as barreiras da educação tradicional e inserir as tecnologias nos cursos de licenciaturas nas universidades, etc.
Esses desafios somados a outros dexam tornam a situação ainda mais complexa, mas acredito que o ponto de partida ainda é o professor.
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