Blog da disciplina "Educação, sociedade e tecnologia", do Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, sob a responsabilidade do Prof. Dr. Simão Pedro P. Marinho.
4.12.06
Blog Pedagógico
Vale uma especial atenção ao item Metodologia. Em nossas aulas muito temos discutido sobre a manutenção de práticas transmissivas em sistemas digitais. E até a questão, tão bem esclarecida do "datashow" aparece é citada no texto do link.
No link Atividades há informações sucintas sobre como construir um blog e algumas dicas de links interessantes.
O site faz parte do Núcleo de Tecnologia Digital Aplicada à Educação da referida Universidade. Oferece até um editor de texto coletivo para escrita cooperativa na web.
http://homer.nuted.edu.ufrgs.br/oficinas_2006/blog/index.htm
23.11.06
O uso legal de tecnologia
Cristina Sleiman anuncia a cartilha "Boas Práticas Legais no Uso da Tecnologia Dentro e Fora da Sala de Aula", destinado a instituições educacionais.
A distribuição é gratuita.
Ver em http://www.pppadvogados.com.br/cconhecimento.asp?Passo=Exibir&Materia=280.
20.11.06
Na terra do nunca
Nessas casas de jogos eletrônicos e acesso à internet, dá-se uma espécie de inclusão digital às avessas e sem orientação. Em troca de moedas, deixam que crianças e adolescentes viajem através das armadilhas do mundo virtual. Um clique e a miséria ao redor se transforma em brilho e sedução. O resultado dá para imaginar: muita pornografia e casos de meninos e meninas viciados em internet -presas fáceis para pedófilos on line.
O problema foi objeto de uma série de reportagens do "Diário de Pernambuco" antes das eleições. Uma realidade estarrecedora que deveria ser amplamente debatida em todo o país.
No interior de Pernambuco, um menino de 12 anos trabalha vendendo coentro de porta em porta para ganhar R$ 2 - é, dois reais- por mês, gastos integralmente numa hora e meia de lan house. A mãe pensa que ele desperdiça a "fortuna" comendo porcaria na rua e reclama da falta de mais um dinheirinho para pôr comida em casa. Ele trabalha, há quem roube ou vá além, relata o jornal.Ribeirão (a 85 km de Recife) tem cerca de 40 mil habitantes, 12 mil dos quais na zona rural. Pois a cidadezinha já conta com 25 lan houses e o conselho tutelar local começou a registrar casos de adolescentes de ambos os sexos que se prostituem por até R$ 1 para se conectar.
No país que se recusa a crescer, o lado perverso da tecnologia chegou bem antes de uma educação decente e inclusiva. É a miséria.com.br.
Artigo de Sérgio Costa, publicado hoje na Folha de São Paulo.
17.11.06
Inclusões e inclusões
Que é estar incluído na cibercultura?
É antes de tudo ter consciência crítica de sua existência cidadã no ciberespaço, na cibercidade com acesso à interfaces e dispositivos online entendidos como disponibilidades de informação e de comunicação todos-todos.
A formação para essa consciência crítica é demanda da própria cibercultura. As escolas e universidades estão profundamente despreparadas para tal."
Web 3.0
Na próxima aula, 23 de novembro, discutiremos a Web 2.0 e seus potenciais usos na escola.
Mas parece que a Web 2.0 já era; tem gente saudando a Web 3.0. Esse é o caso de Nicolas Carr, em seu blog Rough Type.
16.11.06
Barbarella vai ao Senado
Desde esse tempo, foi estabelecida a regra de que não haveria controle global operacional. É um princípio básico da chamada rede de arquitetura aberta.
A internet comercial brasileira começou a operar em maio de 1995. Os usuários eram apenas 120 mil ao final daquele ano. A burocracia federal tinha tentado emplacar sua primeira contribuição: propunha uma espécie de InternetBrás, por meio da então estatal Embratel. O ministro das Comunicações à época, Sérgio Motta, determinou que a estatal só podia conectar empresas à rede, ficando de fora do atendimento a usuários finais, evitando o domínio dos acessos por ela.
Onze anos depois, ao menos 14 milhões de brasileiros já navegaram pela rede. Eis que se cultuava nos subterrâneos do Congresso um novo monstro da burocracia para atuar como porteiro da internet: a obrigatoriedade do registro de usuários antes do livre acesso.
A repórter Elvira Lobato, desta Folha, foi quem trouxe à luz o risível projeto do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), ridiculamente batizado como de ataque aos crimes cibernéticos, mas na realidade oportunidade ampla de negócios para certificadores digitais.
Lei para crimes cibernéticos parece a expressão "Câmara de Soluções Definitivas", ouvida por Barbarella, a personagem de Jane Fonda no filme de 1968. "Não gosto do som destas palavras ridículas", dizia. "Grande parte das situações dramáticas começa risível", filosofava a rainha da Galáxia.
Artigo publicado, em 16.11.2006, na Folha de São Paulo.
Emília Ferreiro e as novas tecnologias
NE: As novas tecnologias trouxeram mudanças importantes?
Emilia: Sim, porque entram não somente na vida profissional mas também no cotidiano pessoal. Permitem ler e produzir textos e fazê-los circular de modo inédito. Hoje, ser alfabetizado é transitar com eficiência e sem temor numa intrincada trama de práticas sociais ligadas à escrita. Alfabetizar é cada vez mais um trabalho difícil. Em muitos casos, mudou o próprio modo de ler e escrever. O texto de e-mail, por exemplo, não tem regras definidas.
NE: No Brasil, os adolescentes criaram todo um código para se comunicar pela internet.
Emilia: Isso acontece em toda parte. Pode ser um fenômeno passageiro, mas o certo é que os jovens estão fazendo com a escrita um jogo divertido. E para transgredir a escrita é preciso conhecê-la.
NE: O uso de computador nas escolas tem sido adequado?
Emilia: É comum os professores não saberem muito bem o que fazer com ele. Por isso foi inventada a sala de informática, para usar num determinado horário. É uma maneira de não incluir o computador na atividade diária.
NE: Muitas escolas têm computadores não conectados à internet. Costuma-se dizer que não servem para nada.
Emilia: Ao contrário, são muito úteis. A escola sempre trabalhou mal a revisão de texto e os alunos odiavam fazê-la porque num texto a mão é preciso voltar a escrever tudo. Com um processador de texto, a revisão se torna um jogo: experimenta-se suprimir ou deslocar trechos, com a possibilidade de desfazer tudo. Após as intervenções, temos na tela um texto limpo, pronto para ser impresso. A revisão é fundamental para que as crianças assumam a responsabilidade pela correção e clareza do que escrevem.
15.11.06
Uma nova doença na pós-modernidade
Rosa Farah, coordenadora da clínica da PUC-SP,
que auxilia no tratamento de viciados em internet
Por ser um problema relativamente novo, o tratamento para o vício em internet ainda é um grande desafio para os psicólogos. Segundo os especialistas ouvidos pela Folha, os efeitos maléficos do uso excessivo de computadores demoram a aparecer.
"A pessoa só percebe que está sendo prejudicada por um vício quando começa a sentir os prejuízos", explica o professor da Unifesp Aderbal Vieira Júnior.
Diferentemente do que ocorre com os viciados em jogo ou em drogas, que sentem as perdas financeiras e sociais de forma rápida, quem faz uso excessivo de internet pode demorar anos para notar que sua vida está sendo pautada por uma doença grave.
"É difícil perceber. Se um adolescente chega várias vezes atrasado na escola porque passou a noite jogando on-line, os pais acham que é uma coisa normal da idade", diz Vieira Júnior.
A falta de repressão dos pais ou da própria sociedade, no caso de adultos, facilita a piora no quadro de dependência.
A fonte do problema, porém, não é a rede e suas inesgotáveis atrações. Em boa parte dos casos, a internet atua como uma espécie de substituta para sensações que faltam na vida real da pessoa. O acesso abusivo das salas de bate-papo e de mensageiros, por exemplo, supriria a ausência de relações interpessoais.
Assim, o tratamento mais adequado é convencer o usuário a dosar melhor suas atividades. Atualmente, parar totalmente de usar o computador acarretaria prejuízos profissionais e isolamento.
Não existe uma idade ou característica predominante nos pacientes que fazem uso excessivo da internet. Muitos são adolescentes, pois a iniciativa do tratamento parte dos pais. Para os especialistas, porém, os sintomas do vício começam aparecer na fase adulta, quando o problema passa a afetar os compromissos profissionais e o corpo não suporta mais tantos abusos.
Publicado no Caderno de Informática da Folha de São Paulo, em 15.11.2006.
13.11.06
10.11.06
Aprender a aprender
Encontramos também entre os vários conceitos firmados sobre aprender sendo “o desenvolvimento de competências para capacitar o indivíduo a criar soluções aos problemas propostos e aplicados na prática”. Como escola promove o desenvolvimento dessas competências nos alunos?
Aprender a aprender seria então entendido como o procedimento personalizado mais adequado para adquirir o conhecimento. Implicaria no uso adequado de estratégias cognitivas e metacognitivas na aprendizagem.
Para que o indivíduo seja capaz de aprender a aprender, necessitaria organizar seu conhecimento já aprendido e, selecionar todas as informações, utilizá-las da forma mais adequada a adquirir estratégias para por em prática. Assim, conseguiria desenvolver capacidades de realizar a aprendizagem significativa por si mesmo.
No mercado de trabalho, aprender a aprender corresponde a uma arma importante na competição por postos de trabalho, na luta contra o desemprego.
Aprender a aprender significa apropria-se de um nível elevado da aprendizagem, no processo coletivo para a produção do conhecimento. Através de uma aprendizagem colaborativa, crítica e transformadora, aluno e professor aprendem a aprender, numa relação de parceiros solidários, que enfrentam desafios de problematizações do mundo contemporâneo.
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos T, BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000.
5.11.06
O tempo no qual vivemos
"Vivemos na idade do moderno, do pós-moderno, do sempre moderno. O tempo da novidade, da incessante novidade. Da rapidez, do efêmero, do que não dura. O que dura, o que permanece envelhece, enferruja, mofa, apodrece."
Ferreira Gullar, no artigo "Idade do óbvio", publicado na Folha de São Paulo em 05.11.06.
30.10.06
Educação, sociedade e tecnologia
É a capacidade de prosseguir e persistir nas aprendizagens. As pessoas devem ser capazes de organizar a sua própria aprendizagem, através inclusivamente de uma gestão efectiva do tempo e da informação, tanto a nível individual como de grupo. Esta competência inclui uma consciência do próprio processo e das próprias necessidades de aprendizagem, identificando oportunidades disponíveis, e a capacidade para transpor obstáculos com vista a aprender com sucesso. Significa ganhar, processar e assimilar novos saberes e novas competências, e também procurar e fazer bom uso de aconselhamento e orientação. Aprender a aprender leva os indivíduos a construírem sobre as aprendizagens anteriores e sobre a experiência de vida, a fim de utilizarem e aplicarem conhecimentos e competências numa diversidade de contextos – em casa, no trabalho, na educação e formação. A motivação e a confiança são elementos cruciais para a competência de qualquer pessoa.
http://www.direitodeaprender.com.pt/noticias.php?no=67
29.10.06
O novo professor e o novo aluno: aprender a prender
A Educação a Distância, segundo o filósofo francês Pierre Levy, era uma espécie de "estepe" do ensino, utilizada quando o sistema educacional convencional falhava. Supria lacunas, por isso considerada pela sociedade como de “segunda categoria”, “coisa de pobre” dirigida para os excluídos do sistema educacional.
A Internet, os congressos e encontros de Educação a Distância despertam as pessoas para conhecer as novas tecnologias. Jornais e revistas dão destaque aos projetos de escolas e universidades virtuais. Um fenômeno mundial. As melhores e mais caras universidades começam a montar seus “campi” virtuais e a oferecer Educação a Distância via Internet.
Até parece uma incoerência, um paradoxo entre o presencial e o virtual. A vida e a voz do professor, a subjetividade, a prática docente, os procedimentos pedagógicos devem re-significar a educação. Novas tecnologias, a Internet, jornais e revistas, universidades – todos – parecem motivados para a objetividade da a educação à distância. O professor mostra-se confuso, atônito entre o sujeito e a tecnologia, entre ser professor face a face ou tutor à distância.
A educação on-line está desafiando as instituições a repensarem seus modelos pedagógicos, à medida que ingressamos na sociedade da informação. Hoje, a informação "envelhece" mais rapidamente. O tempo de vida dos saberes é cada vez menor. Neste sentido, o professor também fica velho e, conseqüentemente, o aluno não está a rejuvenescer. Como acompanhar a sociedade em que os sujeitos, professor e aluno, navegam pelo mar da educação presencial e virtual?
A “sociedade da informação” impõe reflexos positivos e negativos sobre a motivação do professor e do estudante. O professor parece esconder a sua condição de aprendiz, enquanto o aluno revela certa crise de identidade no processo de aprendizagem que as escolas e universidades oferecem. Professor ou tutor? Aluno presencial ou aluno on line?
Os papéis de professor e aluno se transmutam. O aluno não é mais receptor, assimilador ou reprodutor de conteúdos. O professor deixa de ser um provedor de informações e ensinamentos. Professor e aluno passam a ser companheiros no processo de aprendizagem, procurando todos o crescimento de todos. Interagem em equipes reais ou virtuais. A sociedade hoje requer sujeitos que contribuam para o aprendizado do grupo. A inteligência coletiva combina competências, mais do que a genialidade individualista. “Dentro deste quadro, aprender a aprender, colaborativamente, é mais importante do que aprender a aprender sozinho... Co-laborar é mais do que simplesmente laborar.” (Wilson Azevedo)
Os desafios exigem esforços. É preciso aprende a ser um aluno online. O professor precisa “aprender a aprender” ser aluno on line, para transmutar-se em professor on line. Ser aluno on line é mais do que aprender a surfar na Internet ou usar o correio eletrônico. Professores e alunos, reais ou virtuais, devem atender às demandas dos novos ambientes de aprendizagem, perceber que a inteligência coletiva e a aprendizagem colaborativa desempenham o novo papel na sociedade da informação, nas práticas educacionais.
Este novo aluno e este novo professor já existem? Precisamos “aprender a aprender” a ser novos, nessa nova área de prática educativa tecnológica. A que medida, estamos dispostos – professores e alunos - a assumir uma identidade capaz de desnudar o individual e privilegiar o social? As “identidades flutuam no ar, são complexas, precisam de alerta constante” (BAUMAN, 2005:19). O novo já nasce velho.
Referências
AZEVEDO, Wilson. Trechos de panorama atual da educação a distância no Brasil. (Extraído de http://www.tvebrasil.com.br/). Disponível em www. escolanet.com.Br/sala_leitura/novprof_novaluno.html. Acesso em 29.10.2006, às 16:36.
BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005
FRANCO, Maria Amélia Santoro. História de vida: uma abordagem emancipatória aliando pesquisa e formação de professor reflexivo. Disponível em www.educacaoonline.pro.br/art_historia_de_vida_.asp?f_id_artigo=500. Acesso em 04.08.2006, às 14:38.
Panorama atual da educação à distância no Brasil. Disponível em http://www.newtonpaivavirtual.br.texto19.pdf/ . Acesso em 29.10.2006, às 17:36.
28.10.06
Entendendo o Aprender a aprender
Bibliografia:
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir – São Paulo: Cortez, 2006. 10 ed.
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200002&lng=es&nrm=iso&tlng=pt> acesso em 26 out. 2006
CUNHA, Miriam Vieira da; SILVA, Edna Lúcia da. A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652002000300008&lng=es&nrm=iso&tlng=pt> acesso em 26 out. 2006
27.10.06
Edutopia - revista eletrônica. Outubro de 2006
Edutopia: uma revista eletrônica de formato interessante para se ler.
Recomendo especialmente a matéria que se encontra na página 34.
Leia e comente.
Comente também sobre o formato da revista.
Você já havia lido uma revista assim?
26.10.06
Uma visão do aprender a aprender
Em última análise, nas escolas, a aprendizagem significativa exige a construção de uma nova linguagem. Específica, contextualizada, formal, essa linguagem tem o aspecto agravante de só ser utilizada no espaço acadêmico da sala de aula. Realmente, em que outro contexto seria utilizado termos como moléculas, mols, oxidação, redutor, endotérmico...
(Nos meios jornalísticos os termos utilizados para informar à população sobre ocorrências de natureza química são adequações, sinônimas e nem sempre exigem do leitor conhecimento do vocabulário específico.)
Na construção da linguagem as crianças pequenas constroem hipóteses confirmáveis ou não pela observação, pela reação do adulto à sua fala, pelo alcance de seus objetivos. Nesse processo, teorizações excluídas, a criança não estaria revendo seu próprio percurso de construção da linguagem e aprendendo não apenas a falar, mas a aprender a falar pelo processo natural de regulação e controle de seus procedimentos?
Aprender a aprender, penso, é uma capacidade natural da espécie humana que pode ou não ser considerada dentro dos processos escolares. A espécie humana só se adaptou e alterou da forma como vemos o ambiente natural porque aprendeu a aprender em diversos momentos nos quais os desafios impostos eram suficientemente importantes e necessários ser transpostos por caminhos novos, originais e não-percorrido até então.
Aprender a aprender é exercitar a atenção sobre a ação e o que a move pensamento consciente e planejado ou reação inicialmente intuitiva. Da reflexão surgem novos dados e novas possibilidades que articuladas conscientemente dão ao sujeito a “autonomia de pensamento” para ver-se capaz de aprender de um jeito próprio e pessoal , qualquer que seja o conteúdo da aprendizagem.
23.10.06
Aprender a aprender ....
Acabei de descobrir que o mundo virtual é muito pequeno! Cynthia por que será que nos pesquisamos as mesmas fontes????
O que é Aprender a aprender?
O termo “aprender a aprender” está presente desde a psicologia cognitivista, Escola Nova e a abordagem construtivista de ensino. Justamente quando esses resgataram o aluno como aquele que tem um papel ativo em seu próprio aprendizado, o qual é capaz de ajustar os conhecimentos aprendidos em suas necessidades e objetivos pessoais.
O “aprender a aprender” está relacionado com o “aprender fazendo”, clássica da pedagogia de John Dewey, enquanto refere-se também aos estudos na linha do “professor reflexivo” de Donald A. Shön. Segundo Duarte (2000), as pedagogias do “aprender a aprender” tem como essência quatro posicionamentos valorativos:
1-) As aprendizagens mais desejáveis são aquelas que o indivíduo realiza por si mesmo, não existindo o transmissão de conhecimentos e experiência por outrem. Nessa linha César Coll (COLL, 1994 apud DUARTE, 2001) afirma que a finalidade última da educação construtivista quando intervenção pedagógico contribui para que o aluno desenvolva capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo. Nesse sentido aprender sozinho posiciona-se no nível mais elevado do que a aprendizagem concebida por transmissão do conhecimento.
2-) “É mais importante ao aluno desenvolver um método de aquisição, elaboração, descoberta, construção de conhecimento do que apreender o conhecimento científico já existente”.
4-) O posicionamento que “ a educação deve preparar os indivíduos para acompanhar a sociedade em acelerado processo de mudança”.
Mais recentemente com o desenvolvimento e disseminação das novas tecnologias da informação e comunicação, bem como a sua onipresença nos diversos setores da sociedade, a pedagogia “aprender a aprender” é bastante incentivada por teóricos da Educação, uma vez que esses justificam-na como sendo a forma de aprendizagem mais importante para dar conta das exigências da sociedade contemporânea. Cabe frisar que essa sociedade contemporânea é dinâmica sofre transformações em ritmo acelerado tornam os conhecimentos cada vez mais provisórios. Desta forma, o cidadão dessa sociedade que não aprende a se atualizar está fadado ao eterno anacronismo, a não adaptação aos novos contextos profissionais, conseqüentemente seu emprego pode estar comprometido dentro da empresa.
Por fim, “aprender a aprender” ocupa importante lugar numa sociedade em que estamos constantemente sendo bombardeado por informações, o sujeito que não souber selecionar, organizar as informações mais importantes, bem como utilizá-la mais tarde esses conhecimentos acabará não acompanhando a dinâmica dessa sociedade.
DUARTE, Newton. As pedagogias do “aprender a aprender” e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conehcimento. Revista Brasileira de Educação Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação ISSN: Brasil, 2001. URL:
COLL, C.S. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas.
Aprendendo com o "aprender a aprender"
Entendo o “aprender a aprender” como um paradigma, uma concepção de ensino-aprendizagem com raízes no construtivismo piagetiano.
Para DUARTE (2001), as chamadas pedagogias das competências (em contraposição às pedagogias da prescrição) fundamentam o "aprender a aprender". Essa concepção de ensino-aprendizagem pode assumir várias formas:
1-Pode ser considerada uma concepção pedagógica pautada no "learning by doing", o "aprender fazendo", cuja realização demanda do aprendiz maior iniciativa, capacidade reflexiva e de solução de problemas.
Questão: aprender por conta própria É A MELHOR e deve ser a ÚNICA forma de aprender?
2- "Apender a aprender" é uma prática pedagógica que valoriza o conhecimento subjetivo (doxa), construído pelo aluno, em contraposição aos saberes pré-determinados que lhe são prescritos.
Questão: os conhecimentos OBJETIVOS (episteme) são INFERIORES ou DISPENSÁVEIS?
3- O “ Aprender a aprender” seria uma concepção de ensino-aprendizagem sintonizada com a sociedade "transmoderna", na qual a quantidade de informações, bem como a sua efemeridade, demandam não uma educação centrada no acúmulo do conhecimento, mas na aprendizagem do método para se conhecer, com autonomia, o que se será mais útil.
Questão: A educação não passará da PRESCRIÇÃO DE SABERES para o TREINAMENTO/CONDICIONAMENTO de métodos? Essa concepção não tem cunho FUNCIOALISTA? Não volta-se, tão-somente, para o mercado profissional? E as demais funções da educação?
DUARTE, Newton. As pedagogias do "aprender a aprender" e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento. Disponível em http://www.anped.org.br/rbe18/04-artigo03.pdf, acessado em 23 de outobro de 2006.
19.10.06
Aprender a aprender
"Tome cuidado para não quebrar o pote!", gritou o Mullá e deu uma bordoada no garoto.
"Mullá", perguntou um observador, "por que bater em alguém que não fez nada?"
"Ora, seu estúpido", disse o Mullá, "porque depois que quebrasse o pote seria muito tarde para puni-lo, não acha?"Do livro: Histórias de Nasrudin - Edições Dervish
Para Nasrudin, isso poderia ser "aprender a aprender". E para você, o que é aprender a aprender?
12.10.06
Informação em tempos de Internet
TEMPO DE INTERNET
Sob o título "Uso de internet sobrepuja os jornais", o "Financial Times" noticiou na primeira página a pesquisa do Jupiter Research, tido hoje como um dos principais em levantamentos sobre a internet, anunciando que "pela primeira vez os europeus gastam mais horas on-line do que lendo jornais" -em média, quatro horas contra três.A pesquisa ecoou na BBC, no "El País" e outros. É uma "mudança no equilíbrio de poder", segundo o instituto - que já havia registrado o mesmo nos Estados Unidos.
No dizer da BBC News, "surfar na internet vence virar a página"
BOA NOTÍCIA
Por outro lado, sob o título "Internet pode ser uma boa notícia para a velha mídia", o mesmo "FT" publicou um texto dizendo que "a conclusão mais surpreendente - e otimista - da pesquisa do Jupiter Research é que gastar mais tempo on-line não está canibalizando o tempo que os leitores dedicam à imprensa". Este não mudou. Aliás, os consumidores [europeus] se mostram mais propensos a reduzir o tempo de audiência de televisão conforme eles aumentam a utilização da internet. E tem mais "boa notícia". Com suas edições digitais, os jornais tiveram até um relativo benefício - ao alcançar "um público maior", fora do "mercado doméstico".
8.10.06
O sujeito "Transmoderno"
O sujeito "transmoderno" é, pois, um sujeito em conflito. É um moderno insatisfeito. Sabe que quer mudanças, mas não sabe que mudanças deve propor, uma vez que seu único referencial é a modernidade. Filosofa, portanto, sobre a superação do moderno por meio da lógica moderna.
Encontrei em Morin* uma possível definição para o sujeito "transmoderno". Morin afirma que a razão moderna é uma ferramenta humana que não pode ser dispensada. E, até mesmo para ser contestada, a razão não prescinde da razão.
A razão "corresponde a uma vontade de ter uma visão coerente dos fenômenos, das coisas, e do universo. A razão tem um aspecto incontestávelmente lógico".
Mas a razão é ferramenta. E pode ser utilizada de duas formas, determinando o sujeito: sujeito racional e racionalizador. (Morin não fala de sujeitos, mas diferencia a racionalização da racionalidade).
Creio que "transmoderno" é o sujeito racional, que, segundo Morin, empreende um "diálogo incessante entre (sua) mente, que cria estruturas lógicas, que as aplica ao mundo e que dialoga com esse mundo real. Quando este mundo não está de acordo com (seu) sistema lógico, é preciso admitir que (seu) sistema lógico é insuficiente, que só encontra parte do real". O sujeito transmoderno admite, pois, a relativização, a complexidade.
Em contraposição, temos o sujeito "moderno", racionalizador, que "prende a realidade num sistema coerente", sistematiza e isola essa realidade de seu contexto, tornando-a árida. Não enxerga, pois, a tensão, a complexidade da realidade, empobrece-a para conhecê-la "melhor".
* MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo". Porto Alegre: Sulina, 2005. 120p. Trad. Eliane Lisboa.
7.10.06
About blogs and wikis
Susa idéias são também encontradas em elearnspace.
Novas tecnologias para velhos problemas ?
Um dispositivo sonoro criado por uma empresa do País de Gales para enxotar adolescentes de lojas e shopping centers ganhou ontem o Prêmio Ig Nobel, concedido por uma revista de humor editada na Universidade Harvard (EUA) a pesquisas "que não poderiam ou não deveriam ser replicadas". A firma Compound Security desenvolveu um aparelho chamado Mosquito que usa freqüências sonoras irritantes e muito altas, inaudíveis para maiores de 20 anos, que têm sido usadas no Reino Unido como "repelente de adolescentes". O mesmo princípio foi usado em um ringtone de celular vendido a adolescentes, que não pode ser ouvido pelos professores. A dupla aplicação rendeu o Ig Nobel da Paz à empresa, por sua "contribuição à barreira intergerações".
[da Folha de São Paulo, 06.10.06]
Agora é imaginar quantos professores gostariam de ter esse dispositivo como parte de seu instrumental de trabalho, ao lado da caneta e do apagador para quadro-branco, ou do velho giz para quadro-negro ou verde.
Ainda sobre novos tempos, novas tecnologias, novos laços
Mônica Bergamo informa, na Folha de São Paulo, hoje:
"A comunidade do Orkut "Gol - Vôo 1907 - Sobreviventes", criada no mesmo dia do acidente com o avião da Gol, só aumenta: passou de 28 mil membros na última quarta para 158 mil ontem. A proposta é mostrar solidariedade às famílias das vítimas do acidente."
30.9.06
Novos tempos, novas mídias, novos espaços e novos laços
Os usuários da rede de relacionamentos Orkut criaram comunidades em solidariedade aos desaparecidos do Boeing 737-800. As comunidades tentam reunir informações sobre o vôo e suas possíveis vítimas.
A comunidade "Vôo gol 1907" com 15 membros noticia o fato e manifesta várias mensagens em apoio a familiares que esperam notícias da aeronave. Já a comunidade "Avião da Gol caiu em fazenda no MT" reúne o maior numero de usuários (90). No fórum, usuários divulgam perfis de possíveis desaparecidos e publicam notas na imprensa.
De acordo com usuários da comunidade "Gol vôo 1907 ajuda aos sobreviventes", o avião da Gol teria explodido no Pará e divulga várias mensagens de apoio às "vítimas".
Um tópico da comunidade "Corrente de fé do vôo 1907" tenta construir uma "teoria conspiratória" sobre o desaparecimento do avião e divulga que o acidente seria um seqüestro com interesses políticos na véspera da eleição.
Sites internacionais sobre segurança de aviação já trocam informações e debatem o acidente com o Boeing da Gol, em fóruns de internautas. No Airdisaster.com, internautas também especulam se o acidente aéreo, caso seja confirmado o número de mortos, será o mais grave registrado na aviação do Brasil. O site é um dos principais do mundo a contabilizar acidentes aéreos, criando um arquivo que exibe fotos e até vídeos e gravações das tragédias.
Esse fragmento de notícia, retirado do UOL, mostra como são hoje algumas coisas, ainda que se assemelhem na essência às do passado.
No novo mundo, por conta das novas tecnologias de informação e comunicação, surgem novas formas de organização social. Até comunidades virtuais que aparecem por causa de um acidente aéreo.
Num mundo onde, acreditam alguns, o isolacionismo das pessoas seria cada vez maior, o que vejo são laços que surgem, a cada momento, para manter pessoas ligadas.
Esse exemplos de novas comunidades criadas por um lamentável episódio - há quinze dias atrás eu viaja pela Gol e comentava seu sucesso como empresa - mostram um fato que me lembrou o título de um livro de Yochai Benkler, "The Wealth of Networks: How Social Production Transforms Markets and Freedom", e o livro de Howard Rheingold, The Virtual Community.
Para Benkler, "there is a hunger for community, no longer satisfied by the declining availability of physical spaces for human connection. There is a newly available medium that allows people to connect despite their physical distance. This new opportunity inevitably and automatically brings people to use its affordances—the behaviors it makes possible—to fulfill their need for human connection."
Rheingold afirma em seu livro que "my direct observations of online behavior around the world over the past ten years have led me to conclude that whenever CMC [computer mediated communications] technology becomes available to people anywhere, they inevitably build virtual communities with it, just as microorganisms inevitably create colonies.I suspect that one of the explanations for this phenomenon is the hunger for community that grows in the breasts of people around the world as more and more informal public spaces disappear from our real lives."
15.9.06
Aluno, vagaluno
Aluno, é o que sempre ouvimos e repetimos, seria, etimologicamente, "aquele que não tem luz". Mas será que é isso mesmo?
Na aula ontem, no debate da educação pós-moderna [e será que existe isso mesmo?] o Rodrigo, brincando, sugeriu que passássemos a falar em "vagalunos" ao invés de alunos. Os estudantes seriam, agora, aqueles que, como vagalumes, têm luz própria.
Hoje, na web, achei coisas interessantes sobre a etimologia [quer dizer "o verdadeiro significado de "] da palavra aluno.
"... a idéia que já está ganhando campo vantajoso e, infelizmente, desastroso é a de que a palavra significa "não luz", ou "sem luz", pois, segundo etimologia forjada e levianamente inventada, "é formada pelo prefixo a-, que significa negação, e pelo elemento lun-, adulteração de lumen, luminis, do latim, que significa luz"... Vimos que se trata de erro grosseiro, destituído de senso crítico e de espírito científico dos inventores da tal etimologia, pois a palavra, que já existe em latim muito antes de Cristo (alumnus), significa, dentre outras idéias: criança de peito (isto é, que mama na mãe), lactente, menino; e, daí: aluno, discípulo. E a etimologia é simplesmente a seguinte: alumnus deriva do verbo alere, em latim, que significa: alimentar, nutrir, crescer, desenvolver, animar, fomentar, criar, sustentar, produzir, fortalecer, etc."
Esse fragmento de texto foi retirado de: http://www.revelacaoonline.uniube.br/ombudsman/alunoii.html.
"O termo origina-se do epíteto Alma Mater que significa literalmente “a mãe que alimenta ou nutre”. O adjetivo latino almus (que alimenta) vem do verbo alere (alimentar). O epíteto Alma Mater foi originalmente aplicado pelos Romanos a uma série de Deusas, como Ceres e Cybele. No século XVII, passou a ser usado em inglês para se referir ao colégio ou à Universidade em que a pessoa havia estudado, lugares esses considerados de nutrição espiritual e intelectual. Como o que nutre é almus, os que são nutridos são alumni (singular: alumnus). É curioso que, na língua inglesa, a palavra remete ao passado enquanto que, na língua portuguesa, remete ao presente."
Esse fragmento de texto foi retirado de: http://www.abrates.com.br/abreartigo.asp?onde=Teste%20-%20Vagner.abr
"Do latim alumnus, -i, com o significado primitivo de criança dada para adoção."
Esse fragmento de texto foi retirado de "http://pt.wiktionary.org/wiki/aluno".
13.9.06
Iniciando um blog
A idéia é o registro da trajetória dos alunos na disciplina, como um diário de bordo coletivamente construído.
Aquí deverão estar reflexões, críticas, comentários, sugestões, links para fontes de informação sobre temas da disciplina, imagens e mais um monte de coisas que permitam contar o que ocorre na medida em que a disciplina avança.
Esse blog vale como uma experiência de construção de um espaço coletivo de aprendizagem. Espaço de todos, para todos.
Vale para ver até onde a capacidade de crítica, a criatividade, a disposição para a colaboração/cooperação e todas as coisas que estão no discurso da escola moderna de fato acontecem, funcionam, se materializam.
Ementa da disciplina
Paradigmas emergentes em educação na sociedade da informação e a reforma da escola.
Os impactos das novas tecnologias da informação e da comunicação na sociedade e na escola contemporâneas.
As implicações do uso das novas tecnologias da informação e da comunicação no processo de trabalho, na produção cultural e na prática pedagógica.
A Internet.
Educação em ambientes virtuais.